terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Manifesto das Águas Abertas (Carlos Pavão)

"A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, por meio da comissão de maratonas aquáticas, chefiada pela Sra. Christiane Fanzeres e ratificada pelo Presidente Coaracy Nunes Filho, no apagar das luzes de 2009, publicou o boletim sob o nº 350/09 (disponibilizado em janeiro de 2010), com o seguinte título e teor:

“Campeonato Mundial – Convocação”

“A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos – CBDA vem comunicar a V. Sa., que em função dos resultados obtidos pelos atletas brasileiros POLIANA OKIMOTO (ECP-SP), ANA MARCELA CUNHA (UNISANTA-SP) e ALLAN MAMÉDIO DO CARMO (ACEB-BA) nas etapas da Copa do Mundo de Maratonas Aquáticas da FINA em 2009, que os levaram a ocupar as primeiras colocações nos rankings feminino e masculino da FINA neste ano, esta Confederação irá convocar antecipadamente, sem necessidade de classificação nas seletivas nacionais, estes três atletas para disputarem as provas de 5Km e de 10Km no Campeonato Mundial de Maratonas Aquáticas da FINA, a ser disputado entre os dias 15 e 23 de julho, na cidade de Roberval, no Canadá.
.......” (integra - http://www.cbda.org.br )

Quem se der o trabalho de ler na integra o boletim irá constatar que o Brasil, país sede dos Jogos Olímpicos de 2016, ao convocar os nadadores Allan Mamédio do Carmo, Ana Marcela Cunha e Poliana Okimoto sem a necessidade de seletiva, por conta dos excelentes resultados obtidos em 2009, em detrimento aos demais atletas está ferindo um dos princípios basilares da pratica esportiva competitiva – o da IGUALDADE.

Não há qualquer precedente recente na história da natação mundial que permita que um atleta seja convocado por conta de seus resultados no último ano sem a necessidade de participar do processo seletivo. Assim é nos grandes pólos da natação mundial. Na Austrália, Ian Thorpe participou de todas as seletivas olímpicas e mundiais, inclusive correndo o risco de não participar das Olimpíadas de Atenas. Nos Estados Unidos, Michael Phelps também participou e continuará participando das competições seletivas. No Brasil, Gustavo Borges, Fernando Scherer, Rogério Romero e, atualmente, Cesar Cielo idem. No âmbito, das maratonas aquáticas, o alemão Tomas Lürs e a russa Larissa Ilchenko, por certo que se submetem as seletivas de seus países, mesmo sendo várias vezes campeões mundial.

Nesse contexto, o quê dizer para as nadadoras que estão treinando e se dedicando para as provas de maratonas aquáticas, já que as vagas do sexo feminino já estão pré-definidas pela Ana Marcela e Poliana?

Ainda, explica por qual motivo o atleta Felipe Alcântara não fora pré convocado para a prova de 5Km, já que venceu o Allan do Carmo na última prova de 5km disputada em 2009?

Se tais atletas são tão superiores aos demais, mais uma razão para submetê-los as provas seletivas. A modalidade não pode mais suportar a ditadura na qual está submetida.

Princípios que norteiam não só as práticas esportivas necessitam prevalecer sobre a conduta arbitrária e repugnante das autoridades esportivas.

Portanto, no país que se prepara para sediar os Jogos Olímpicos de 2016, seja por adotar uma política esportiva calcada nos princípios da LEALDADE, MORALIDADE, LEGALIDADE E IGUALDADE, tal conduta não deve e não pode ser tolerada.

Nós somos mais do que atletas, somos cidadãos de direito e devemos receber da entidade que dirige o nosso esporte com respeito e dignidade.

Carlos Eduardo Sajonc Pavão"

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